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Textos

Na calçada

 

Na calçada do supermercado, mulheres e crianças pedem.

Vergonha, é um luxo que não se pode ter.

Difícil situação, constrangimento e dor sucumbiram ao terreno da necessidade.

Sinto-me um avião sem teto.

 

 

Meu peito há muito tempo anda descoberto.

Ando, mas me sinto paralisado, os batimentos cardíacos deveras em simulacro.

Agora compreendo a expressão: homem de plástico.

A engenhosidade humana provou ser um verdadeiro fracasso.

 

A criança que fui, hoje não quer mais brincar!

Calçadas, ruas e praças estão ocupadas pelos que não tem nenhuma carta de baralho.

Sinto-me como aquele espantalho que não tem mais nenhuma função.

A morte se afastou para não ter que me dar a mão.

 

No fundo do espelho o ponto perdeu sentido.

Nada, nada, tudo ficou opaco, insosso.

Não consigo gritar, minha garganta é puro vácuo.

 

 

Hércules Azevedo
Enviado por Hércules Azevedo em 20/02/2022
Alterado em 20/02/2022
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